Yasser Arafat foi assassinado pelos
sionistas de Israel. Shimon Peres, presidente de Israel, assumiu
publicamente que o governo israelense é responsável pela morte do líder
palestino
A notícia de que os sionistas são os responsáveis pela morte de Arafat
foi dada por ninguém menos do que Shimon Peres, presidente de Israel.
Na sexta feira, 11 de janeiro, dia em que a resistência palestina
entrou numa nova fase de luta contra a ocupação – a das ações diretas
não violentas para tentar retomar suas terras, roubadas pelas
autoridades israelenses –, Peres veio a público revelar que sim, os
sionistas assassinaram o líder palestino Yasser Arafat.
AdicPresidente de Israel confessa que Yasser Arafat foi assassinado. (Foto: AFP)ionar legenda |
Mais surpreendente do que a confissão foi o silêncio dos governos do
mundo em relação a ela. Não houve nenhuma condenação formal, nenhuma
indignação expressa em discursos diplomáticos, nada. Nem mesmo os
grandes partidos palestinos se pronunciaram oficialmente, ao menos até
agora. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), chefiada
durantes seus anos mais difíceis por Arafat, teve um fim de semana muito
atarefado para emitir algum comunicado sobre o assunto: tentava
convencer a União Europeia a trabalhar pelo fim imediato da ocupação
militar israelense, depois que palestinos foram arrancados pela polícia
sionista da vila de Bab Al-Shams, em seu próprio país.
Tem-se a impressão de que o assassinato da maior autoridade de uma
nação pelo governo de um país estrangeiro é fato comum, sem nenhuma
importância. Ou talvez os governantes do mundo não se tenham
surpreendido com a confissão de Peres porque já sabiam do fato.
Mas exatamente por isso as condenações deveriam ser efetivas, como as
sanções econômicas que o Conselho de Segurança da ONU gosta de impor a
países escolhidos a dedo por sua independência em relação às políticas
econômicas dominantes, gestadas em grandes centros financeiros mundiais,
e à agenda das guerras: às drogas, ao narcotráfico, ao terrorismo,
guerra sem fim. Todas destinadas a alimentar o caixa do complexo
industrial militar do eixo Estados Unidos-Europa-Israel.
A confissão de Simon Peres não teve nem mesmo algum sinal de
arrependimento pela trama sórdida que levou à morte de um ser humano. O
presidente limitou-se a dizer que a decisão foi um erro estratégico por
dois motivos: porque com Arafat era possível conversar e porque sua
eliminação levou a uma situação “mais difícil e complexa”.
As declarações do presidente de Israel não teriam sido feitas, porém,
se a rede de mídias Al-Jazeera, financiada pelo Qatar, não tivesse
enviado para exame alguns pertences pessoais de Arafat. Realizado pelo
Instituto de Radiofísica de Lausane, na Suíça, o exame revelou “uma
elevada, inexplicável e insuportável quantidade de polônio 210 nos
fluidos biológicos encontrados nos objetos pessoais do sr. Arafat”, como
explicou François Bochud, diretor do instituto à Al-Jazeera. O polônio
210 é um elemento radioativo potente, capaz de matar em pouco tempo, e
provoca os mesmos sintomas que Arafat começou a sentir em 25 de outubro
de 2004. Em 11 de novembro, ele estava morto.
O programa que a Al-Jazeera levou ao ar em 3 de julho de 2012 rompeu o
pacto de silêncio que havia em torno da morte do líder palestino. Por
insistência de Suha, viúva de Arafat, seu corpo foi exumado por
especialistas suíços e franceses em novembro do ano passado e amostras
seguiram para análise. Os resultados confirmaram o envenenamento.
Esse fato, e as provas documentais de que Ariel Sharon,
primeiro-ministro israelense à época da morte de Arafat, havia mandado
assassiná-lo, trouxeram à tona aquilo que todo palestino já sabia e vem
falando abertamente em conversas nas ruas, nas lojas, nos ônibus da
Palestina. Faltavam apenas as provas, conseguidas agora, nove anos
depois do crime.
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