Quando o ex-ministro Antônio Palocci foi acusado na imprensa, o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, o tratou como se deve tratar a todos os cidadãos: com a devida presunção de inocência.
Não pediu abertura de inquérito no STF imediatamente, como fez com Orlando Silva, tratado como não se deve: com presunção de culpa.
Palocci tornou-se um membro da rica elite paulistana, é branco, e sua consultoria presta serviços ao capitalismo da nata de banqueiros e industriais paulistas (e esse é seu único "crime" provado até agora, de natureza política e não criminal, no episódio da consultoria).
Orlando Silva tem um patrimônio compatível com seu padrão de renda, de classe média (podemos dizer pobre, para os padrões de políticos brasileiros que ocuparam altos cargos), é negro, socialista, e as denúncias não envolvem grandes bancos nem grandes empresas.
Não vou fazer o que fizeram com Orlando Silva, e não vou enxovalhar a honra do Dr. Gurgel, acusando-o de cometer erros de propósito, por desonestidade. Acredito, de fato, que comete erros, mais por sensibilidade à pressões políticas e ao volume da pressão da imprensa.
Mas quer queira, quer não, essa atitude diferenciada no trato entre os dois ministros, tem em sua raiz o mesmo ranço daqueles policiais mal-treinados para prender preto e pobre apenas "para averiguação".
Também seria demais fazer ilações sobre racismo contra o Dr. Gurgel, pois, justiça seja feita, ele mesmo fez uma bela defesa da política de cotas raciais no STF, contra a ação impetrada pelo DEM (que queria acabar com as cotas).
Mas não custa nada sugerir ao Procurador-Geral refletir um pouco sobre aquela pergunta feita naquela propaganda: "Onde você guarda seu racismo?"
A propaganda e a pergunta não é dirigida à racistas, e sim a quem não é racista, mas acaba reproduzindo, até sem querer, hábitos culturais enraizados na sociedade pela herança da discriminação racial velada no Brasil.
Em tempo: o Dr. Gurgel mandará abrir inquérito no fôro privilegiado do STF para investigar o senador Aécio Neves (PSDB/MG), branco, milionário e capitalista neoliberal, com base nas investigações do promotor Eduardo Nepomuceno de Sousa, do Ministério Público de Minas Gerais, sobre os contratos com artistas e participação na campanha eleitoral?
Não pediu abertura de inquérito no STF imediatamente, como fez com Orlando Silva, tratado como não se deve: com presunção de culpa.
Palocci tornou-se um membro da rica elite paulistana, é branco, e sua consultoria presta serviços ao capitalismo da nata de banqueiros e industriais paulistas (e esse é seu único "crime" provado até agora, de natureza política e não criminal, no episódio da consultoria).
Orlando Silva tem um patrimônio compatível com seu padrão de renda, de classe média (podemos dizer pobre, para os padrões de políticos brasileiros que ocuparam altos cargos), é negro, socialista, e as denúncias não envolvem grandes bancos nem grandes empresas.
Não vou fazer o que fizeram com Orlando Silva, e não vou enxovalhar a honra do Dr. Gurgel, acusando-o de cometer erros de propósito, por desonestidade. Acredito, de fato, que comete erros, mais por sensibilidade à pressões políticas e ao volume da pressão da imprensa.
Mas quer queira, quer não, essa atitude diferenciada no trato entre os dois ministros, tem em sua raiz o mesmo ranço daqueles policiais mal-treinados para prender preto e pobre apenas "para averiguação".
Também seria demais fazer ilações sobre racismo contra o Dr. Gurgel, pois, justiça seja feita, ele mesmo fez uma bela defesa da política de cotas raciais no STF, contra a ação impetrada pelo DEM (que queria acabar com as cotas).
Mas não custa nada sugerir ao Procurador-Geral refletir um pouco sobre aquela pergunta feita naquela propaganda: "Onde você guarda seu racismo?"
A propaganda e a pergunta não é dirigida à racistas, e sim a quem não é racista, mas acaba reproduzindo, até sem querer, hábitos culturais enraizados na sociedade pela herança da discriminação racial velada no Brasil.
Em tempo: o Dr. Gurgel mandará abrir inquérito no fôro privilegiado do STF para investigar o senador Aécio Neves (PSDB/MG), branco, milionário e capitalista neoliberal, com base nas investigações do promotor Eduardo Nepomuceno de Sousa, do Ministério Público de Minas Gerais, sobre os contratos com artistas e participação na campanha eleitoral?