Se
levarmos em conta a qualidade dos serviços oferecidos pelo Estado,
podemos dizer que, sim, ela é alta. A educação pública não é boa, como
mostrou o recente resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e a
saúde não consegue oferecer um atendimento no padrão necessário com os
recursos que tem. Mas estes não são serviços utilizados pelos adeptos do
impostômetro, que têm dinheiro suficiente para pagar as melhores
escolas para seus filhos e os mais caros planos de saúde.
O impostômetro impostor
Mair Pena Neto
A
classe empresarial brasileira vive se queixando da “elevada” carga
tributária brasileira. Há alguns anos, a Associação Comercial de São
Paulo criou um impostômetro que registra quanto o brasileiro teria pago
de imposto até a presente data. Os valores são sempre repercutidos pela
mídia, como aconteceu nesta semana, quando o aparelho marcou R$ 1
trilhão em impostos, um mês antes do registro do mesmo valor, em 2010.
Por Mair Pena Neto, no Direto da Redação
Por Mair Pena Neto, no Direto da Redação
Desconfio que o impostômetro só funcione mesmo para a suposta indignação dos endinheirados. Já cansei - para usar expressão cara aos mais abastados - de ouvir falar nos valores estratosféricos registrados pelo tal aparelho, sem que desencadeie a mínima indignação popular. Chegam a ser curiosas as imagens dos protestos contra os impostos, com um bando de engravatados olhados com estranheza pela população.
Soa totalmente artificial a preocupação dos empresários com o preço do arroz, do feijão e da cachaça. Eles não pesam nada em seus bolsos e não acredito que estejam preocupados com a carestia e seu impacto na população brasileira.
Desconfio que estejam mais interessados em obter maiores lucros e elevar ainda mais seu padrão de vida, equivalente ao dos países mais desenvolvidos do mundo. Cansamos, valendo-me uma vez mais da expressão, de ver o governo conceder isenção fiscal para vários produtos sem que isso retornasse no preço final ao consumidor.
Imposto, como o próprio nome diz, não é algo que se pague por livre e espontânea vontade, mas sem ele nenhuma sociedade funciona. A discussão seria então sobre o tamanho da carga tributária, motivo da queixa permanente dos empresários.
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