segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Nas entrelinhas
Enquanto a educação de determinados municípios foi de mal a pior, muitos prefeitos cuidaram muito bem do próprio bolso.
Isso o horário eleitoral não mostra. Só o jornal
Muito além da tevê
Duas reportagens publicadas pelo Correio, uma ontem e outra hoje, mostram aquilo que o eleitor dificilmente verá no horário eleitoral gratuito em temporadas de eleições de qualquer natureza. Tampouco será estampado em coberturas que se dedicarem exclusivamente ao acompanhamento do dia a dia dos candidatos. São dois trabalhos de deixar os eleitores pra lá de revoltados com o que acontece no Brasil.
Para você que não teve tempo de ler o jornal de ontem ou mal passou os olhos pelo de hoje, vai aqui um pequeno resumo: na edição de domingo, a repórter Adriana Caitano desvendou o subterrâneo da composição de programas de governo que chegam aos tribunais eleitorais. Candidatos a prefeito surgem tão desleixados como alunos que compram suas monografias. Na internet, há modelos vendidos a R$ 5 mil. Basta trocar o nome da cidade.
Hoje, o Correio expõe um veio que, se investigado a fundo, pode resultar em CPI. Refiro-me ao cruzamento dos piores resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) com o patrimônio declarado pelos prefeitos desses municípios reprovados no ranking do Ideb. O trabalho do repórter Leandro Kléber mostra que, em 14 dessas cidades, houve variações expressivas dos bens declarados pelos administradores, alguns casos em torno de 700% a 1.200%.
Não se pode afirmar que as piores avaliações do Ideb estejam diretamente relacionadas ao enriquecimento do prefeito. Mas é importante observar que, enquanto a educação de muitos municípios foi de mal a pior, prefeitos cuidaram muito bem do próprio bolso. Isso o horário eleitoral não mostra. Só o jornal. As duas histórias são exemplos do tipo de jornalismo que deve pautar a eleição, instigando discussões de vários temas e não ficando apenas no declaratório dos candidatos.
Por falar em declaratório...
Esta semana promete. O julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, pode ter seu primeiro veredicto. As greves do funcionalismo estarão em xeque, diante do envio do Orçamento de 2013 ao Congresso com reajustes salariais modestos e investimentos aquém das necessidades do país. De quebra, a CPI que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira recebe o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes Luiz Antônio Pagot, disposto a abrir o verbo.
No caso do julgamento do mensalão, as paixões correm o risco de serem retomadas hoje nas réplicas e tréplicas do relator, Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowsky. Mas se isso não ocorrer, será sinal de que as paixões vão mesmo migrar para o leito próprio, o das campanhas políticas, em que o debate do mensalão ingressa devagar, marcando terrenos e incitando ataques de lado a lado. Especialmente, na campanha paulistana, na qual o ex-candidato a presidente da República José Serra representa os tucanos, tudo indica que vem por aí uma forte onda de exploração do tema.
Duas reportagens publicadas pelo Correio, uma ontem e outra hoje, mostram aquilo que o eleitor dificilmente verá no horário eleitoral gratuito em temporadas de eleições de qualquer natureza. Tampouco será estampado em coberturas que se dedicarem exclusivamente ao acompanhamento do dia a dia dos candidatos. São dois trabalhos de deixar os eleitores pra lá de revoltados com o que acontece no Brasil.
Para você que não teve tempo de ler o jornal de ontem ou mal passou os olhos pelo de hoje, vai aqui um pequeno resumo: na edição de domingo, a repórter Adriana Caitano desvendou o subterrâneo da composição de programas de governo que chegam aos tribunais eleitorais. Candidatos a prefeito surgem tão desleixados como alunos que compram suas monografias. Na internet, há modelos vendidos a R$ 5 mil. Basta trocar o nome da cidade.
Hoje, o Correio expõe um veio que, se investigado a fundo, pode resultar em CPI. Refiro-me ao cruzamento dos piores resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) com o patrimônio declarado pelos prefeitos desses municípios reprovados no ranking do Ideb. O trabalho do repórter Leandro Kléber mostra que, em 14 dessas cidades, houve variações expressivas dos bens declarados pelos administradores, alguns casos em torno de 700% a 1.200%.
Não se pode afirmar que as piores avaliações do Ideb estejam diretamente relacionadas ao enriquecimento do prefeito. Mas é importante observar que, enquanto a educação de muitos municípios foi de mal a pior, prefeitos cuidaram muito bem do próprio bolso. Isso o horário eleitoral não mostra. Só o jornal. As duas histórias são exemplos do tipo de jornalismo que deve pautar a eleição, instigando discussões de vários temas e não ficando apenas no declaratório dos candidatos.
Por falar em declaratório...
Esta semana promete. O julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, pode ter seu primeiro veredicto. As greves do funcionalismo estarão em xeque, diante do envio do Orçamento de 2013 ao Congresso com reajustes salariais modestos e investimentos aquém das necessidades do país. De quebra, a CPI que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira recebe o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes Luiz Antônio Pagot, disposto a abrir o verbo.
No caso do julgamento do mensalão, as paixões correm o risco de serem retomadas hoje nas réplicas e tréplicas do relator, Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowsky. Mas se isso não ocorrer, será sinal de que as paixões vão mesmo migrar para o leito próprio, o das campanhas políticas, em que o debate do mensalão ingressa devagar, marcando terrenos e incitando ataques de lado a lado. Especialmente, na campanha paulistana, na qual o ex-candidato a presidente da República José Serra representa os tucanos, tudo indica que vem por aí uma forte onda de exploração do tema.
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