Atualização às 12:50hs - Texto revisado. Reinaldo Azevedo editou o
diálogo com cortes que deturpam o teor. O Nassif publicou o diálogo
completo, que muda o significado do diálogo editado por Azevedo em
alguns pontos.
Na semana em que a revista Carta Capital aprofunda na reportagem
investigativa indo muito além do senador Demóstenes Torres e entranhando
no governo de Marconi Perillo, e quando até a revista Época, da Globo,
colocou o Demóstenes na capa, a Veja foge da reportagem da semana e
apela para o manto sagrado de Cristo ...
Mas o pior é o blogueiro Reinaldo Azevedo tentando defender o colega Policarpo Júnior e complicando mais ainda a situação.
Em vez de revelar um único diálogo, entre os cerca de 200 entre
Policarpo e Cachoeira, Azevedo pinçou uma edição do diálogo onde o
bicheiro manda o araponga subalterno Jairo Martins parar de "aceitar
trabalhos encomendados" diretamente por Policarpo, sem passar por
Cachoeira, inclusive dizendo "... o Policarpo nunca vai ser nosso...
afaste-se dele...".
Ora, o diálogo indica que Policarpo ocuparia numa posição hierárquica
superior dentro da pirâmide de relacionamentos de Cachoeira, e o
bicheiro estaria "proibindo" Jairo, seu subordinado, de agir como se
fosse subordinado de Policarpo, porque senão quebra a cadeia de comando
de Cachoeira, e ele não poderia fazer o toma-lá-dá-cá com Policarpo.
E desde quando elogio "eloquente" (que não existe de fato no diálogo) de
Carlinhos Cachoeira é atestado de idoneidade, como sugere Azevedo?
Cachoeira também elogiava Demóstenes, e como elogiava!
Outra curiosidade... Quando se diz que um médico não faz favor pra
ninguém, entende-se que o médico cobra por tudo o que faz! Então quando
Cachoeira diz que um jornalista não faz favor para ninguém... logo... e
Azevedo ainda acha que isso é uma boa peça de defesa.
E quem acredita que seja uma coisa positiva Carlinhos Cachoeira dizer
que "os grandes furos do Policarpo fomos nós que demos", quando o
bicheiro está sendo acusado de espionar para supostamente chantagear
(inclusive publicando seletivamente denúncias através da imprensa), para
obter vantagens financeiras nos negócios e proteção política?
E o escárnio de Cachoeira falar em estar "limpando o Brasil da
corrupção" (ao passar arapongagens para Policarpo)? Logo quem! Aquele
que aparece nos autos corrompendo senadores, policiais, deputados, altas
autoridades do governo de Goiás, e, ao que tudo indica, jornalistas.
Eis o diálogo deturpado por Reinaldo Azevedo:
Cachoeira - O
Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor pra ninguém e
muito menos pra você. Não se iluda, não (…) Os grandes furos do
Policarpo fomos nós que demos, rapaz (…) Ele não vai fazer nada procê.
Jairo - É, não, isso é verdade aí.
Cachoeira - Limpando
esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho por Brasil, essa
corrupção aí. Quantos já foram, rapaz!? E tudo via Policarpo. Agora, não
é bom você falar isso com o Policarpo, não, sabe? Você tem que afastar
dele e a barriga dele doer, sabe? Tem que ter a troca, ô Jairo. Nunca
cobramos a troca.
Jairo - Isso é verdade.
Cachoeira - E
fala pra ele (…) eu ganho algum centavo seu, Policarpo? Não ganho (…)
Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo! Nós temos que ter
jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso…
Jairo - É, não tem não, não tem não. Ele não tem mesmo não. Ele é foda!
O diálogo completo está publicado
aqui
no Nassif, onde o contexto de chamar Policarpo de "foda" não é bem um
elogio, e a íntegra do diálogo confirma o jogo do toma-lá-dá-cá entre a
revista e a organização criminosa.
Só o desespero explica essa "defesa" forçada de Reinaldo Azevedo.
Nem precisa desenhar para entender que
se Policarpo fosse "foda" como
Reinaldo Azevedo tenta engambelar seus leitores, Carlinhos Cachoeira
seria a reportagem da capa, daquelas de ganhar prêmio Esso, tamanha a
intimidade e confidências do editor-chefe com a organização criminosa.
Bastava abrir o bico sobre o que sabe e está escondendo do leitor, mas... todo mundo tem o direito de ficar em silêncio para não se incriminar.
Não custa lembrar também a nota do portal 247:
Veja defende "empresário" Cachoeira desde 2004
Por:
Zé Augusto
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