Em meio às críticas do senador Aloysio
Nunes Ferreira (SP), que expôs a crise interna do PSDB no Twitter,
semana passada, afirmando que há paralisia no partido, a cúpula tucana
se prepara para tentar mostrar ao país que não está parada. Além de
reuniões quinzenais para debater a nova estratégia de comunicação do
partido - considerada um dos pontos fracos da legenda, de acordo com o
resultado da pesquisa encomendada ao cientista político Antonio Lavareda
-, o PSDB realiza amanhã um seminário com o tema "A nova agenda:
desafios e oportunidades para o Brasil", a partir do qual espera definir
as bandeiras a serem defendidas nas próximas eleições.
- Nosso foco será analisar o
legado deixado pelo partido e discutir o futuro, mostrando que a agenda
econômica e até social que está sendo executada no país ainda é a do
PSDB, que começou com o Plano Real, seguiu com a aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal, com o Proer (Programa de Reestruturação do
Sistema Financeiro) e possibilitou o início de uma série de programas
sociais como o Bolsa Escola, embrião do Bolsa Família - adianta o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos idealizadores do seminário
juntamente com o presidente do Instituto Teotônio Vilela, o ex-senador
Tasso Jereissati.....
Mas há uma inquietação no PSDB
que vai além do debate. No campo político-eleitoral, uma parte do
tucanato pretende aumentar a pressão sobre Aécio Neves para que ele
assuma abertamente sua condição de pré-candidato à sucessão presidencial
de 2014, ainda que isso reforce mais as divergências internas. Isso
porque o ex-governador José Serra também é apontado como uma opção para o
mesmo cargo.
Nome de Eduardo Campos também causa temor
Avaliação interna feita pelos
tucanos, os "aecistas" em especial, indica que o partido precisa pôr
logo seu candidato na vitrine, para marcar posição em relação aos
principais assuntos em discussão no país.
- É preciso que o Aécio passe
para a opinião pública que não é apenas uma expectativa, mas uma
realidade. Ele precisa dar o roteiro que o partido deve seguir - cobra
um experiente tucano, inconformado com a postura comedida do mineiro,
mas que prefere o anonimato diante do clima de tensão no partido.
Da mesma forma, aliados de Serra
também evitam expor suas opiniões. Um deles, lembrando os votos
conquistados por Serra nas últimas eleições, critica indiretamente o
presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), considerado um
aliado de Aécio:
- Temos um conflito interno
insanável, porque a direção do partido não busca a unidade interna, mas a
hegemonia. Está se deixando de fora um projeto que tem liderança
popular e voto.
O temor hoje na oposição é que
Aécio perca espaço no cenário político nacional, não para a presidente
Dilma Rousseff, a concorrente natural, mas para um novo nome da base
governista: o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB,
Eduardo Campos, que trabalha para ser vice na chapa petista ou mesmo
candidato próprio à sucessão presidencial numa aliança com o PSD de
Gilberto Kassab.
Alguns apostam, no entanto, que o
governador pernambucano terá dificuldades para tirar o PMDB da chapa de
Dilma, o que poderia empurrá-lo para os braços da oposição. Aécio, que
já se declarou candidato, minimiza as preocupações que rondam seus
aliados:
- A política é a arte de
administrar o tempo. Nós não temos de nos preocupar com o outro campo.
Até porque na oposição ainda não surgiu uma outra alternativa que
expresse o inconformismo e o cansaço com a gestão petista.
De qualquer forma, Aécio deve
reforçar sua agenda de viagens pelo país. Na próxima semana, estará no
Rio Grande do Sul, e na seguinte, na Bahia. Aécio participa ativamente
da reestruturação do PSDB, abrindo a legenda para o engajamento de parte
do movimento sindical que não foi cooptado pelo governo, e ampliando
espaço para a juventude tucana.
- Tenho demanda para ir a todos
os estados. Mas nossa prioridade neste momento é reestruturar o partido.
Temos de mostrar que o PSDB é uma legenda que pensa o país, ao
contrário do PT - afirma Aécio.Globo
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