quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

YL - Via Justiceira de Esquerda - Cadê a bosta do movimento passe livre agora?

Alckmin vai à Alstom e autoriza a fabricação de 12 trens para a CPTM; superfaturamento de R$ 430 mi




Em fevereiro de 2006, dois meses antes de se desincompatibilizar para disputar a Presidência da República, Alckmin, em evento na Alstom, em São Paulo
por Conceição Lemes

Os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin insistem que desconheciam a existência do cartel de empresas, que fraudava as licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Porém, são crescentes os indícios de que, desde 2005, eles sabiam do esquema de superfaturamento de contratos e pagamento de propina em contratos da multinacional francesa Alstom no setor de transportes públicos em São Paulo.
Reportagens publicadas em outubro pelo Estadão e IstoÉ revelam um comprometedor e-mail, de 18 de novembro de 2004, do então presidente da Alstom no Brasil, engenheiro José Luiz Alquéres, a executivos da matriz na França. Nele, Alquéres “recomenda enfaticamente” a diretores da empresa que utilizem os serviços do consultor Arthur Gomes Teixeira, apontado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo como lobista e pagador de propinas a servidores do Metrô e CPTM.
No e-mail de 2004, Alquéres salienta também a “longa história de cooperação” da Alstom com as autoridades do Estado de São Paulo. Ele diz: “O novo prefeito recém-eleito [José Serra] participa das negociações que nos permitem reabrir a Mafersa como a Alstom Lapa, assim como o atual governador [Geraldo Alckmin]”.
Na mensagem, Alquéres, que atuou nas empresas energéticas paulistas antes da privatização, diz acreditar no sucesso em quatro licitações da CPTM e do Metrô que ocorreriam, em breve, e que representariam “um total de 250 MEUR (milhões de euros)”.
Veja a íntegra do e-mail:
Nestes tempos de mudança nós sofremos duas grandes derrotas nas licitações públicas, as primeiras em muitos anos. Mas ainda pudemos ser bem sucedidos nos 4 projetos que o Estado de São Paulo vai negociar e leiloar na próxima semana:
1) PQRM número 2….. CPTM
2) Emenda COFESBRA….. CPTM
3) Sistemas da Linha 2 do Metrô…… Metroesp
4) Linha 2 do Metrô (11 trens) - Metroesp
Esses projetos representam um total de 250 MEUR (milhões de euros).
Temos uma longa história de cooperação com as autoridades do Estado de São Paulo onde nossa fábrica está localizada. O novo prefeito recém-eleito [ José Serra] participou nas negociações que nos permitem reabrir a Mafersa como a Alstom Lapa, assim como o atual governador [Geraldo Alckmin].
Três das cinco pessoas que recentemente foram dispensadas, como Carlos Alberto e Reynaldo Goulart ou foram transferidas como Reynaldo Benitez desenvolveram fortes e bons relacionamentos pessoas com membros da CPTM e Metrô. É importante também ressaltar que nas licitações realizadas nos últimos anos – como a linha da CPTM que a Alstom ganhou – assim como em muitas outras negociações nós temos sido auxiliados pelo consultor Arthur Teixeira, da Procint, que demonstrou grande competência tanto em “bom quanto em mau tempo”, trabalhando com as pessoas acima mencionadas.
Eu fortemente recomendo a utilização do expertise de Paulo Borges e Arthur Teixeira nestes projetos independentemente do que você planeja construir no futuro (e que eu concordo, mudanças são necessárias, porque a vida – como um todo – é uma mudança permanente).
Neste caso em particular, não há tempo agora para novas mudanças ou novos experimentos. O processo está rodando, eu estou começando a receber mensagens de potenciais parceiros, concorrentes e (ininteligível).
Na sequência desse e-mail de Alquéres , três fatos chamam-nos a atenção:
Em 28 de dezembro de 2005, sai o aditamento para a compra de 12 trens da Cofesbra, uma associação entre entre Alstom e CAF, para a CPTM por R$ 223,5 milhões.
Um mês antes, porém, em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o governador Geraldo Alckmin já anuncia o aditivo, como mostra a Revista Ferroviária, em 30 de novembro de 2005:
O governo de São Paulo vai encomendar 12 trens novos para trafegar na Linha C da CPTM. O investimento será de R$ 200 milhões e a fabricação dos TUEs ficará a cargo do consórcio Cofesbra — Consórcio Ferroviário Espanha-Brasil — liderado pela CAF com a participação da Alstom e da Bombardier. A formalização do contrato será feita no próximo dia 8 pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que anunciou a encomenda na abertura do seminário `A retomada e a ampliação do setor ferroviário` no CIESP — Centro das Indústrias de São Paulo — na terça feira passada. No dia 8 será apresentado um mock-up do TUE, fabricado pela Alstom
Em fevereiro de 2006, dois meses antes de se desincompatibilizar para disputar a Presidência da República,Alckmin vai à sede da Alstom, no bairro da Lapa, em São Paulo, para anunciar a autorização para a fabricação dos 12 trens que constam do aditivo de R$ 223,5 milhões.
Segundo o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP), houve superfaturamento. E o Ministério Público do Estado de São Paulo identificou “grave irregularidade no sexto aditamento, verdadeira fraude à licitação e desvirtuamento total do contrato inicial”.
Explica-se. A concorrência era de 1995 e o aditivo em questão — o sexto! — considerado ilegal.
A investigação do sexto aditivo assinado entre a Cofesbra e CPTM mostrou aumento de 73,69% no valor da compra dos trens.
Ou seja, superfaturamento de R$ 160 milhões, que em valores corrigidos chegam a R$ 430 milhões. Isto foi possível descobrir devido a uma proposta mais barata da Mitsui, que se encontra em poder do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Diante dessas coincidências como é possível o governador Geraldo Alckmin continuar dizendo que não tinha conhecimento do trensalão?
Investigações sobre cartel nos trens em SP começaram em 2009
Em 2009, o Ministério Público tomou conhecimento de três documentos queforam fundamentais para o início das investigações em São Paulo.
Rodrigo Mendes
São Paulo - Apesar de tucanos terem tentado intimidar os responsáveis pelas investigações e desacreditar o que tem sido divulgado sobre o esquema de corrupção que teria funcionado durante os governos Covas, Alckmin e Serra, os documentos que deram início às investigações estão de posse do Ministério Público desde 2009.
Apesar de os documentos e o grosso da investigação só terem vindo à tona agora, o certo é que elas já existem desde 2009, quando o Ministério Público tomou conhecimento de três documentos que foram fundamentais para o início das investigações, segundo informações veiculadas na Folha de S.Paulo desta quinta-feira (28). Um desses documentos chegou a ser divulgado em 2009 mesmo, pela revista Carta Capital.
Isso derruba a tese de tucanos enfurecidos de que as informações têm sido forjadas e usadas como forma de criar uma cortina de fumaça de modo a tirar o foco das repercussões sobre a Ação Penal 470, do mensalão. A tática do PSDB para rebater as acusações que envolvem, além de três governadores, uma série de tucanos do alto escalão e seus aliados, foi a de desacreditar os denunciantes e as provas produzidas pelas próprias empresas envolvidas, além de questionar os procedimentos adotados pelo Ministério da Justiça e pelo deputado Simão Pedro, que recebeu denúncias em 2010 e 2011, e as enviou o Ministério da Justiça e ao Ministério Público.
Em nota divulgada quarta-feira (27), o PT, partido de Simão Pedro, defendeu o deputado das acusações tucanas, afirmando que ele “atuou de maneira irretocável ao encaminhar o pedido de investigação ao Ministro da Justiça”.
Como já foi divulgado aqui na Carta Maior, a Siemens, entre outras empresas envolvidas no cartel das licitações de trens de São Paulo, firmou em maio um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), comprometendo-se a colaborar com as investigações sobre o cartel. Desde então, o que as investigações apontam, em grande parte em função das provas apresentadas pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, é o envolvimento de diversos membros de sucessivos governos tucanos, entre os quais o homem-forte do governo Alckmin, chefe da Casa Civil, o deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB).
Alguns dos envolvidos diretamente mencionados nos documentos apresentados até aqui são o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o secretário estadual de Energia José Aníbal, que é deputado pelo PSDB de São Paulo, Jurandir Fernandes, secretário de Transportes Metropolitanos, Rodrigo Garcia, secretário de Desenvolvimento Econômico, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), aliado dos tucanos de longa data, entre outros.
Segundo o que já foi apresentado pelo ex-executivo da Siemens, “há uma série de documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM. (...)Trata-se de um esquema de corrupção de grandes proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal”.
 Por Thietre Miguel -Rio de Janeiro
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