sosjardimbotanico, três piruetas e um voo de galinha
sosjardimbotanico, três piruetas e um voo de galinha
Com o recrudescimento dos ataques à comunidade do Horto,
particularmente por via de ações equivocadas de despejo, desconstruímos
aqui a farsa impetrada contra os moradores pelo site
sosjardimbotanico.com.br, que certamente tem contribuído para o clima de
tensão e intolerância no bairro Jardim Botânico.
sosjardimbotanico recorre a três falácias na tentativa de marginalizar
os moradores da comunidade e instaurar uma verdadeira luta de classes,
sem trégua, no bairro. Notória é a história da comunidade do Horto (www.museudohorto.org.br), que se encontra em área da União, sofrendo pesados ataques de setores interessados em sua remoção sumária.
Não é difícil desmontar a farsa, desconstruir o que podemos chamar de tripé da hipocrisia.
Falácia 1: A comunidade é "invasora"
Para se chegar a essa conclusão, sosjardimbotanico utiliza das mais
variadas piruetas e artimanhas, como chamar "técnicos" para emitir
relatos históricos de uma incorreção constrangedora. Não sobram
palpiteiros que ergam a bandeira do conservacionismo, uma mistura de
falsa conservação ambiental com contorcionismo ético e reacionarismo
moral. "Que saiam os invasores!" poderia ser o moto.
Por
vezes, tomam a exceção como regra, numa tentativa pueril de
desqualificar a comunidade que está sempre atenta a qualquer tipo de
transgressão, dada sua situação periclitante, mesmo não sendo seu dever
policiar seus pares. Vale dizer que a comunidade sempre cuidou de seu
entorno e da mata, as vezes num convívio simbiótico por que não dizer,
ou como amortecimento para o que poderia ser o inevitável avanço das
casas de alto padrão, a exemplo do "outro lado", onde apropriam-se de
córregos e erguem casas e muros em áreas de preservação permanente ou da
União, sempre na surdina. Um brinde à hipocrisia!
A história
da comunidade, que se mescla com a história do próprio Jardim Botânico,
para não dizer do Rio de Janeiro, está fartamente documentada no site www.museudohorto.org.br.
Para o sosjardimbotanico sobram inverdades, deturpações e dissimulações
para atrair adeptos, a qualquer custo, mesmo que isso signifique
enxotar alguém da casa onde reside há mais de 60 anos.
Afortunadamente, a Associação de Moradores do Jardim Botânico já não
conta mais com a participação massiva do preconceito em suas páginas na
internet, tendo sido o volume de matérias detratoras transferido para o
sosjardimbotanico, a nova bandeira do naufrágio ideológico dos setores
reacionários de nossa classe média. Esperamos que a nova administração
da AMAJB seja mais adepta à razão e ao diálogo, reconhecendo a
profundidade dos estudos de ordenamento da área e respeitando seus
pares. Pois sim, a comunidade é composta de cidadãos com direitos iguais
a qualquer outro morador do bairro e não se furtará de exercer seu
direito constitucional à moradia digna e ao respeito, gostem ou não os
paladinos do preconceito e ambientalistas de ocasião.
Falácia 2: A comunidade é responsável pela degradação do Rio dos
Macacos, que nasce na floresta da Tijuca e desemboca na Lagoa Rodrigo de
Freitas.
Esta falácia foi construída pelos palpiteiros de
plantão que, incapazes de produzir qualquer prova que resista à mais
simples inspeção, produzem inverdades, como a de atribuir à comunidade o
clarão aberto na mata para a passagem das linhas de alta tensão que
cortam a Floresta da Tijuca. Ou, por vezes, mostram fotos de algumas das
casas mais humildes onde se vê canos instalados no exterior, ocultando o
fato de que o esgoto de todas as casas é conectado às instalações da
CEDAE.
É risível, não fosse grotesca a patranha armada para
responsabilizar a comunidade pela degradação do Rio dos Macacos. Que o
ônus da prova recaia sobre os detratores e que produzam alguma análise
técnica que seja digna de publicação, onde certamente será constatado
que a poluição do Rio dos Macacos vem de outra origem, da área "formal"
do bairro. Ademais, parece um caso de injúria, quem sabe mesmo de
racismo, o que pode ser mais próximo à verdade do que alguns poderiam
suspeitar.
Falácia 3: A comunidade é uma ameaça à integridade do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico.
Na verdade, a comunidade do Horto sempre coexistiu com o IPJB, tendo
feito contribuições históricas para este como, por exemplo, combatido a
instalação de um cemitério e de um conjunto habitacional na área.
Estudos recentes demonstram que o crescimento do número de habitações
tem sido ínfimo, ao contrário de grande parte das casas de alto padrão
localizadas em área da União que continuam, ainda hoje, a pagar
"laudênio", tarifa da época do Império, o que denota uma clara situação
de irregularidade ou de não-ordenamento urbano, conforme indicado em
cartas do Instituto Pereira Passos.
É fato que a comunidade
não tem oferecido qualquer impedimento às atividades do IPJB, exceto
pelo fato de ali existir, há mais de um século, o que para alguns é
considerado um empecilho ao avanço do IPJB sobre novas áreas para a
construção de vias de acesso e demais planos, invariavelmente cegos para
qualquer questão de cunho social e avessos ao diálogo ou à conciliação.
sosjardimbotanico, um voo político de galinha
Por essas razões, o sosjardimbotanico é muito menos sobre a preservação
de coisa alguma do que uma plataforma política de seus gestores galgada
no mais puro reacionarismo e preconceito de classe e cor que o Rio
conhecidamente é capaz de produzir, a exemplo dos "áureos" anos Lacerda,
aquele que "fez mais pelo Rio" … ao custo de muita injustiça.
Vergonhosamente, a tática de ataques pessoais continua sendo e mais
clara expressão da falência ideológica do sosjardimbotanico. Não antes,
porém, de ser superada pela hipocrisia quando apontam que no Horto há
"pessoas de algum poder" quando, em sua própria rede de relações e
adeptos, estão juízes e desembargadores, representantes da "grande"
imprensa, e recursos financeiros para bancar o site, redatores, ações
judiciais infindáveis e toda a sorte de pressão que sirva à causa da
dissimulação.
As ambições políticas do sosjardimbotanico,
entretanto, não se sustentarão, pois perderam o trem da história,
agarrados a um modelo baseado na iniquidade e intolerância. O Brasil,
feliz e inexoravelmente avança na direção de uma sociedade onde um
número crescente de pessoas desperta para horizontes mais humanos e
dignos.
Desta forma, fadado ao fracasso, pelo simples fato de
apoiar-se na âncora do retrocesso, a plataforma política
sosjardimbotanico terá uma vitória fugaz; porquanto se baseia na mentira
e dissimulação, ganhará um número restrito de adeptos e simpatizantes
incautos ou suscetíveis, mas que de uma forma mais ampla, cairá em
desgraça quando defrontada pela desigualdade histórica do nosso país e
pelo fato de que mais e mais, a população emerge de sua condição de
antanho para uma cidadania instruída, onde aqueles que confrontam os
direitos básicos dos cidadãos serão duramente rechaçados.
Resta, portanto, a via jurídica, pela qual não medem esforços nem
recursos para impetrar inúmeras ações de despejo contra residentes da
comunidade, alguns idosos, ou mesmo famílias inteiras, na certeza de
que, visto o volume, invariavelmente encontrarão amparo em algum juiz
mal instruído sobre a questão ou mesmo sem a devida competência
intelectual para realizar uma análise equilibrada. De certo, a questão
eventualmente recairá sobre instâncias superiores, onde se fará valer o
respeito ao cidadão e à Constituição. Continuamos confiando na justiça.
Julio Feferman
Biólogo e colaborador da AMAHOR
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